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CIÊNCIA DE DADOS: Dados ajudam a compor modelos para alertar sobre riscos

Transformando informações coletadas em conhecimento útil e aplicável, a Ciência de Dados é uma ferramenta para projetos de pesquisa e até para empresas. Dos dados, é possível extrair ideias para solução de problemas e respostas para diversos tipos de organizações.

Conforme a doutora em Engenheira e Gestão do Conhecimento Viviane Schneider, a Ciência de Dados é uma área da Engenharia e Gestão do Conhecimento. Ela explica que soluções metodológicas ou tecnológicas podem ser identificadas e servir para criar mais vantagem competitiva para empresas e também facilitar o trabalho dos colaboradores, além de explicitar conhecimento e fazer com que ele não seja retido ou perdido.

“Tentamos transformar todos os dados disponíveis em conhecimento específico, que possa instrumentalizar os gestores e os operadores e que seja útil”, afirma. Essa área identifica conhecimentos em fontes diversas, como relatórios, por exemplo. Com técnicas de inteligência artificial, os pesquisadores podem “minerar” documentos para obter elementos que contribuíram para a criação de uma ferramenta, por exemplo.

No caso de indústrias complexas que têm o objetivo de tornar o ambiente de trabalho mais seguro, a pesquisadora cita exemplos de aplicação, como alertas a partir da indicação de algum fator de risco monitorado por sensores, que podem ser os mais variados, como condições do clima, sintomas de estresse de colaboradores, entre outros. Também é possível identificar informações necessárias em tempo real para desenvolver alguma operação específica e disponibilizá-las de forma mais eficiente.

A equipe em que a cientista de dados trabalha está desenvolvendo um protótipo com a finalidade de identificar fatores humanos lidados a situações de risco. Essas informações ajudam a calibrar um algoritmo capaz de alertar sobre características de determinado contexto que possam mostrar insegurança. Contudo, ressalta que a obtenção e reunião de dados são, muitas vezes, sensíveis, por vários motivos, incluindo éticos, o que dificulta a criação de um modelo, mas não impede que se desenvolva o instrumento e que a própria organização coloque em prática.

A Ciência de Dados é uma das áreas de pesquisa que integra o núcleo HFACTORS, o qual conta com quase 40 profissionais de diferentes formações. Cada grupo atua a partir de uma perspectiva de estudos, mas todos procuram integrar seus conhecimentos em torno de um objetivo comum de pesquisa.

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LINGUÍSTICA: Foco na comunicação pode contribuir para a segurança em operações

Em sistemas sociotécnicos complexos, os acidentes ou incidentes acontecem, normalmente, por mais de uma razão. Por isso, quando se trabalha com o objetivo de melhorar a segurança, a intenção é minimizar os fatores de risco, que podem ser ambientais, comportamentais ou técnicos.  A comunicação, por exemplo, permeia todas as operações em termos de interação e de identificação de problemas. “A questão é tentar controlar esses fatores de risco e tentar otimizar os processos comunicativos para reforçar a proficiência linguística e assim evitar que a linguagem desencadeie um evento trágico”, explica a doutora em Letras Aline Pacheco, que integra o núcleo de pesquisa HFACTORS. 

Professora do curso de Ciências Aeronáuticas, ela explica que, quanto mais se investiga acidentes, mais se chega à conclusão de que a consciência é chave na hora de se comunicar. “Se a pessoa, quando está interagindo, tem a consciência das implicações do que vai falar e que ela pode não estar sendo bem entendida, vai observar a reação do interlocutor”, afirma. Por esse motivo, a pesquisadora entende que o trabalho com o uso da linguagem nos contextos complexos impacta na questão da segurança

Pelo fato de caracterizar todos os momentos do processo, a comunicação pode ser compreendida de uma maneira muito genérica. “Tudo pode ser atribuído a questões comunicativas, mas quando temos uma perspectiva, partindo da investigação da linguagem, conseguimos ter percepções diferentes”, ressalta. 

Nesse sentido, a pesquisa dessa área procura reconhecer o que deve ser comunicado, a quem, e usando que tipo de conhecimento. “Às vezes, são informações tão básicas, que podem ser deixadas de lado”, declara. 

Utilizando essa disciplina para pesquisas em conjunto com outras áreas, é possível fazer um diagnóstico e traçar um plano para não deixar falhas na comunicação. “Quando temos um cenário desenhado sobre como as operações acontecem, podemos descrever os fenômenos comunicativos num determinado contexto. Assim, temos uma ideia do que é pressuposto em termos de linguagem e o que é preciso ser comunicado para que a operação ocorra de maneira mais segura.” 

Um exemplo de aplicação é a criação de fraseologias específicas, compartilhadas entre os participantes da dinâmica comunicativa. Por exemplo, quando uma determinada frase, palavra ou expressão é usada para indicar a realização de um procedimento ou o aviso de alguma irregularidade. Também podem ser incluídos na rotina operacional códigos linguísticos de confirmação de recebimento ou entendimento, reconhecidos por todos os participantes da atividade. 

No diagnóstico e na aplicação de técnicas interventivas relacionadas à comunicação, a Linguística atua com outras disciplinas dentro do núcleo de pesquisa HFACTORS, entre elas estão Engenharia de Gestão e Conhecimento, Engenharia de Resiliência, Sociologia, Serviço Social e Psicologia. 

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Pesquisador do HFACTORS apresenta pesquisa sobre segurança operacional na Suécia

Mesmo com um elevado número de regras e procedimentos fiscalizados por agências reguladoras, as organizações com alto nível de complexidade não estão livres de sofrer catástrofes. O coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, Lucas Bertelli Fogaça, que é integrante do núcleo de pesquisa HFACTORS, identificou, em sua tese de doutorado apresentada em 2021, controvérsias nas relações entre trabalhadores e os artefatos do ambiente laboral. O estudo foi apresentado na segunda semana de junho na Universidade de Lund, na Suécia. 

“Da mesma forma que procedimentos são utilizados para estruturar o trabalho, a variabilidade inerente ao campo implica em adaptações constantes para que o trabalho normal possa ser realizado”, explica, lembrando que esse é um dos exemplos de dualidades observadas na indústria de óleo e gás, utilizada como campo para a pesquisa, que também trouxe exemplos de outros setores, como o aéreo. O trabalho desenvolvido por Fogaça faz parte do projeto Integração de Fatores Humanos e Resiliência para o Fortalecimento da Cultura de Segurança na Indústria de Óleo e Gás, conduzido pelo núcleo HFACTORS, que é vinculado à Escola Politécnica em parceria com a Escola de Negócios da PUCRS.  

Fogaça dá exemplos de acidentes ocorridos logo após comemoração de elevados níveis de conformidade relacionados à prevenção de riscos por auditorias externas, como o desastre em Macondo no Golfo do México. A explosão de uma sonda de perfuração ocorreu no dia seguinte à celebração de um relatório com excelentes resultados de segurança. Foram 11 mortes, além de derramamento de óleo, que representou um enorme desastre ambiental. “Os eventos da barragem de Mariana e da Air France 447 também ocorreram em cenários parecidos, mesmo com elevadíssimos níveis de compliance. Isso mostra, em retrospecto, que a segurança e conformidade não andam necessariamente de mãos dadas.” 

Utilizando uma abordagem sociológica, ele observou, em diálogos no campo, em circulares, manuais e procedimentos, como as dinâmicas operacionais e de gestão ocorrem. “A tese se propunha a fazer a captura de negociações e reconciliação de diferentes metas que ocorrem cotidianamente, iluminando como os procedimentos, a regulação e os treinamentos, por exemplo, não são neutros, mas determinam o modo de agir”, ressalta.  

Hiperburocratização das organizações 

Outro ponto discutido é a tendência de proteção legal das grandes empresas, que implica na criação de inúmeros documentos, centenas de páginas de prescrições e procedimentos para serem conhecidos e assinados pelos colaboradores. Assim, a organização procura se blindar de implicações legais.  

As empresas estão entrando em uma fase de hiperburocratização e autojustificação para não serem penalmente responsabilizadas. “Isso acaba, muitas vezes, interferindo com os objetivos de melhoria do sistema da gestão de segurança operacional, redirecionado para a busca de culpados”, reflete o professor e pesquisador. O acúmulo incremental de novas regras e legislação que precisam ser atendidas impacta diretamente no volume de trabalho, que acaba ficando desproporcional e afetando a atividade fim, alcançando diferentes elementos das estruturas organizacionais.  

“Em um exemplo que discutimos na apresentação na Suécia, observamos um acréscimo de quase cinco vezes no volume de material requerido para formar um instrutor de voo nos últimos 10 anos. A maior parte – mais de dois terços deste material – é voltado hoje para proteção legal e não para a segurança da operação aérea em si”, diz.  

Laboratório de aprendizado em Lund 

A apresentação de parte da tese de Fogaça ocorreu no laboratório de aprendizado em Fatores Humanos e Segurança de Sistema, na Universidade de Lund. Este foi o primeiro encontro presencial do grupo desde o início da pandemia de Covid-19. O decano da Escola de Negócios e coordenador Científico do HFACTORS, Éder Heriqson, é um dos professores do curso voltado a Fatores Humanos na instituição sueca. Ele também participou das atividades desenvolvidas em junho com o orientando Fogaça, quando foram discutidos temas como ética, aprendizagem organizacional, cultura justa e cultura de segurança.  

Pesquisadores de várias partes do mundo, representando diversos segmentos, discutiram as limitações e saídas para a segurança operacional. “Os outros participantes debateram situações semelhantes em diferentes indústrias como nuclear e saúde, dedicando suas pesquisas a melhorar estes sistemas e encontrar equilíbrio entre produção, proteção e conformidade em sistemas complexos e dinâmicos”, argumenta Fogaça.  

Para ele, é muito difícil trabalhar com modelos pré-estabelecidos, sem considerar as especificidades de cada ambiente e a participação de representantes do meio estudado.  “O oferecimento de modelos e frameworks prontos não dão conta da dinamicidade destes campos. Por este motivo, nossa abordagem envolve cocriação. Nos dedicamos a ampliar as percepções em campo para permitir que caminhos emerjam do campo”, declara. Neste contexto, segundo Fogaça, o pesquisador nunca superará os repertórios e a experiência dos trabalhadores em seus próprios ambientes laborais.   

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HFACTORS retoma atividades presenciais com laboratórios de Fatores Humanos

A difusão dos conceitos de Fatores Humanos através de laboratórios entrou em uma nova fase. Se antes eles ocorriam somente de modo virtual, agora começaram os encontros presenciais. Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ) e Macaé (RJ) foram as primeiras cidades a receber o formato, com a participação de mais de 80 líderes e gerentes do setor de óleo e gás. “Após mais de dois anos mantendo atividades online, devido à pandemia da Covid-19, retomamos oficinas presenciais”, diz o coordenador do núcleo de pesquisa HFACTORS, Eduardo Giugliani.

Segundo o professor, os encontros ratificam os processos colaborativos e de compartilhamento. “O contato direto, o tempo de intervalos, as conversas casuais entre os participantes ainda se colocam insuperáveis quando o foco também está na troca de vivências e experiências”, ressalta. Mesmo assim, atividades online permanecem, inclusive as de laboratórios de Fatores Humanos. “O HFACTORS manteve-se resiliente em 2020 e 2021 e volta adaptado aos novos tempos, em processos que se mantêm virtuais, presenciais ou mesmo híbridos, procurando tirar o melhor de cada perspectiva de aprendizagem”, explica.

“O envolvimento das pessoas é maior e os diálogos, muito mais proveitosos”, observa um dos organizadores Victor Nazareth. Os encontros têm proporcionado, além de conhecimento sobre o tema, debates mais próximos sem a mediação do computador, o que possibilita mais concentração em torno das atividades e interação social entre os participantes que atuam no mesmo setor, mas trazem diferentes experiências a serem compartilhadas. Nos espaços de coprodução, Nazareth também identifica demandas dos líderes. “Eles vêm com ansiedade por resultados e aplicação em campo, mas o laboratório é um primeiro passo de uma jornada”, descreve. 

A pós-doutoranda do HFACTORS Caroline Capaverde, que também trabalha na organização dos laboratórios, entende que o fazer não é dissociado do pensar. Por isso, durante os encontros, o que se procura é ressignificar a prática. “O espaço proporciona problematização a partir dos conceitos de Fatores Humanos. É um convite para um percurso de atribuição de sentidos às diferentes relações que ocorrem no âmbito sistêmico, em uma rede envolvendo pessoas, artefatos e tarefas”, explica.

A proposta é de trazer fundamentos, de maneira estruturada, sobre Fatores Humanos. De forma estratégica, os laboratórios são oferecidos para pessoas que podem atuar como multiplicadoras do conhecimento e, assim, começar a experimentar os ensinamentos na rotina de trabalho, a partir de uma mudança de paradigma. 

Nazareth argumenta que é preciso desfazer a ideia de resolver problemas complexos com soluções simples. Para cada situação, é necessária uma maneira específica de lidar, informa. Nos próprios laboratórios, essa é a premissa. Os resultados são sempre estudados e reavaliadas para que haja adaptação das técnicas e otimização de aprendizado e participação.

Cerca de 400 pessoas fizeram parte dos laboratórios desde que eles iniciaram de forma online em 2021. A maioria delas tinha cargo de gerência, sendo parte gerentes de plataforma, o que mostra uma ampliação da jornada de Fatores Humanos nas áreas operacionais. O objetivo é manter os dois tipos de versão até o final do ano. 

Idealizados e colocados em prática pelo engenheiro de petróleo José Carlos Bruno e pelo professor Eder Henriqson, em parceria com pesquisadores do HFACTORS e representantes do segmento, os encontros provocam a reflexão sobre as atuais práticas de trabalho e a discussão de outras possibilidades de lidar com a rotina, com os procedimentos e com as tomadas de decisão.

Abordagem sistêmica

Os facilitadores contrastam a visão tradicional em relação à segurança com uma visão que considera o contexto para entender os eventos. Ainda hoje é muito comum a adoção de práticas punitivas e a busca por causas isoladas para os problemas. Porém, esse tipo de medida não tem gerado resultados esperados para esse campo.

Por isso, a perspectiva trazida nos laboratórios procura sensibilizar os participantes a observar o desempenho humano nos sistemas complexos como algo condicionado pelo modo como o trabalho está organizado e pela forma que as tecnologias foram projetadas. “Fatores humanos basicamente procura interpretar e entender a relação do humano com tudo aquilo que o cerca”, explica Bruno. Ele acrescenta a necessidade de entender as condições construídas dentro de um sistema que podem levar a um erro e esse erro desencadear um conjunto de fatores responsáveis por uma catástrofe.

ENGENHARIA DE RESILIÊNCIA: Gerência de incertezas para garantir sistemas mais seguros

Por mais que as operações em sistemas sociotécnicos complexos sejam controladas, existem residuais de incertezas que podem resultar em falhas e até em acidentes. A Engenharia de Resiliência, que é uma disciplina relativamente nova, se ocupa dos estudos sobre a capacidade de enfrentamento dos riscos imprevistos. Segundo o decano da Escola de Negócios e coordenador científico do núcleo HFACTORS, Éder Henriqson, a resiliência é tratada como a capacidade dos sistemas sociotécnicos e organizacionais de desarmar, de recuperar e de adaptar frente a situações desafiadoras. Além disso, aprender enquanto sustenta uma transformação em situações desafiantes e gerir a incerteza são outras características de uma operação ou de um conjunto de operações resilientes.

“A Engenharia de Resiliência estuda basicamente como projetar, gerenciar e avaliar os potenciais de resiliência em sistemas sociotécnicos complexos, que são especificamente organizações que dependem de alta confiabilidade nas suas operações, que lidam com a gestão do risco enquanto um componente crítico”, explica. Entre esses setores, estão indústrias como a de aviação, de óleo e gás e de saúde.

Desde 2005, os estudos dessa área têm crescido e dentre as aplicações estão o uso de tecnologia para dar suporte ao enfrentamento, prevenção, desarme e recuperação durante situações críticas e qualquer distúrbio que as operações de um sistema sofram. Isso tem o objetivo de garantir a continuidade eficiente e segura das atividades. As pesquisas têm focado também na análise de infraestruturas críticas e suporte à transformação digital das organizações.

Tolerância ao erro

A perspectiva da Engenharia de Resiliência também é usada para criar tecnologias tolerantes aos erros e com condições de superar as falhas. Ao mesmo tempo, é possível desenhar operações em que os times possam antecipar e contornar o risco. “Procuramos desenvolver repertórios e capacidades para as equipes superarem os desafios”, observa Henriqson. A ideia é identificar capacidades, habilidades e competências e fazer protocolos de treinamento, de desenvolvimento, de educação e de formação para otimizar o trabalho.

Como forte campo interdisciplinar, a Engenharia de Resiliência está apoiada em várias disciplinas como a Sociologia, a Gestão do Conhecimento, a Administração e a Psicologia. “Fundamentalmente, precisamos de diferentes perspectivas teóricas que nos ajudem a entender a complexidade dessas interações sociotécnicas”, afirma o professor. 

Colaboração entre áreas

As outras áreas podem ainda emprestar modelos e métodos adequados para a compreensão da dimensão técnica, da social e dos processos interativos. Dentro do núcleo HFACTORS, a Engenharia de Resiliência é uma das áreas de pesquisa que atua com a colaboração de outras para promover segurança e eficiência operacional, incorporando e pesquisando novas abordagens no estudo dos Fatores Humanos.

Para assistir ao vídeo completo do professor falando sobre Engenharia de Resiliência, acesso o nosso canal no YouTube.


ENGENHARIA DO CONHECIMENTO: Pesquisadores identificam conhecimentos para análise de potencial de resiliência

Considerando as diversas aplicações da Engenharia e Gestão do Conhecimento, o uso dessa área de pesquisa com uma perspectiva de Fatores Humanos e Resiliência tem o objetivo de compreender qual o conhecimento habilita as equipes a agirem frente às situações inesperadas. No núcleo HFACTORS, que estuda sistemas complexos, esse entendimento orienta estratégias de preservação do conhecimento e de promoção da aprendizagem organizacional, por exemplo.

“Todo o conhecimento que vai fazer com que a equipe consiga entender que, eventualmente, as circunstâncias mudaram, os motivos da mudança e que habilitem as pessoas a projetar o estado futuro do sistema para que seja possível antecipar e desarmar eventos de segurança”, descreve o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Denilson Sell, que é doutor em Engenharia de Produção e atua no HFACTORS. Na mesma linha, aqueles conhecimentos que habilitem a implementação de respostas frente aos eventos inesperados são determinantes para as respostas resilientes.

“Também nos é bastante importante entender as possíveis fontes e razões de perda e de desperdício de conhecimento na organização”, ressaltou. Segundo o professor, muitas vezes, lições provenientes de acidentes, por exemplo, são perdidas e um evento semelhante pode voltar a acontecer.

Em uma pesquisa, a disciplina costuma capturar pistas do cotidiano do trabalho e extrair conhecimento. “Quando falamos em pistas, estamos tentando entender quais são esses fatores que condicionam o trabalho resiliente e seguro”, ressalta.  Identificadas essas informações, é possível estabelecer indicadores de tendências. “A gente trabalha com os elementos ligados a fatores individuais, organizacionais e ao desenho do trabalho”, diz.

A partir daí, é possível analisar os fatores positivos, negativos e aqueles que possam conferir segurança às operações ou comprometer a segurança no futuro, possibilitando um olhar pró-ativo sobre o sistema. A gestão dos pontos positivos que garantam atividades mais seguras e também a antecipação de potenciais riscos, considerando diferentes fontes de dados, incluindo as percepções dos trabalhadores e da liderança, podem subsidiar intervenções assertivas para a promoção do potencial de resiliência e da segurança.

Essa Engenharia empresta ferramentas e métodos para extrair conhecimentos sobre dados diversos, como relatórios de acidentes e de investigação de acidentes, por exemplo. “Trabalhamos com técnicas de inteligência artificial para poder minerar documentos e relatórios e extrair aqueles elementos latentes que contribuíram, de certa forma, para uma ocorrência.”

Com a visão da engenharia e gestão do conhecimento, os pesquisadores buscam ainda entender de que forma o fluxo da informação e do conhecimento ocorre, ajudando as equipes a terem melhor consciência do que vem acontecendo e as suas falhas, que podem causar algum tipo de variabilidade e pode afetar o desempenho da operação e produzir elementos de risco.

Engenharia e Gestão do Conhecimento são duas áreas complementares que, no núcleo HFACTORS, têm o objetivo de qualificar o trabalho de organizações por meio de ferramentas e conteúdos de diferentes disciplinas.

Assista ao vídeo do professor Sell falando sobre o assunto no nosso canal no YouTube.

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A (nova) doença silenciosa: como a síndrome de Burnout potencializa mudanças na estrutura das organizações

O estresse e a exaustão física dos trabalhadores vêm sendo tema de pesquisa com cada vez mais frequência. Trata-se de um cenário delicado para as organizações, pois gera consequências como baixa produtividade e rendimento. Dentre o distúrbio que indica tais consequências físicas e psicológicas, enquadra-se a síndrome de Burnout.

Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no primeiro dia de 2022, como doença ocupacional, a síndrome pode ser entendida como um adoecimento, com relação direta com as demandas e cargas de trabalho desempenhadas. Segundo atribui a psicóloga e doutoranda em desenvolvimento de carreira Daniela Boucinha, o lado emocional, as preocupações, os anseios passam a ser uma grande preocupação para trabalhadores e para as organizações. Ela salienta que as empresas precisam olhar para o aspecto humano e para as formas e condições que os profissionais desempenham determinada função. Com a evolução tecnológica e a impulsão da Inteligência Artificial (IA), por exemplo, o mundo do trabalho está lidando com uma série de mudanças e demandando ainda mais dos colaboradores. “À medida que as transformações vêm acontecendo, evidencia-se a imprevisibilidade e a incerteza”; define Boucinha.

Pauta da saúde mental

De acordo com Boucinha, o trabalho é entendido como uma demanda a ser exercida, cujo desempenho despende de um esforço, um gasto de energia, com o uso de valências físicas, cognitivas, emocionais, e com um equilíbrio de demandas e recursos ligados ao trabalho. E, da mesma forma, deve-se haver uma reposição dessa energia, com frutos positivos àquele indivíduo que está executando determinada tarefa. Assim, o apoio ao profissional e um suporte técnico, ligado a aspectos psicológicos, possibilita um rendimento e uma maior produtividade. “É muito importante que as organizações estejam atentas à pauta de saúde mental e, principalmente, possibilitem mais recursos para que os seus trabalhadores possam lidar e enfrentar melhor as demandas relacionadas ao trabalho”, declara a psicóloga. Ela complementa que o apoio e a proximidade das lideranças compactuam a um resultado mais voltado à saúde do que o adoecimento no trabalho.

Por se tratar de um distúrbio ligado à psicologia e às emoções, a síndrome de Burnout acaba por ser negligenciada e vista como tabu por trabalhadores e, muitas vezes, pelas organizações. As lideranças têm um papel fundamental nesse cenário. Elas atuam como intermediadoras à medida que, “ao conhecer melhor os integrantes que compõem a equipe, podem ter conversas mais próximas, constantes e, certamente, necessárias com o colaborador”, destaca Boucinha. Os gestores também podem identificar aspectos internos e, até mesmo, externos ao trabalho. Para a doutoranda, os impactos estão relacionados a diferentes esferas. Todas as questões emocionais, psicológicas, como cansaço, falta de energia e emoções alteradas têm confluência ao momento no trabalho.

Sintomas e estratégias

A desatenção e o esquecimento, por exemplo, são sintomas que nem sempre as lideranças percebem como um possível quadro de Burnout. Na prática, o princípio da síndrome, como remete a pesquisadora, se dá em quatro níveis: uma exaustão e um extremo cansaço; declínio da autorregulação emocional – fator associado ao descontrole de emoções (pessoas irritadas, emotivas); declínio da autorregulação cognitiva com os sintomas de esquecimento e desatenção – como exemplo agendar mais de um compromisso para o mesmo horário; e por fim, um distanciamento mental – quadro mais severo, com a aversão ao trabalho e a perturbação ao quadro de saúde em paralelo ao trabalho e, por consequência, há o afastamento dos trabalhadores.

Para Boucinha, as organizações precisam conhecer mais sobre esse tema e saber como o Burnout se desenvolve. Ela acredita que, para haver uma consonância entre líderes e demais membros da equipe, é importante mais conversas relacionadas à carreira e à saúde. Outra necessidade é fornecimento de recursos para que os trabalhadores possam lidar com as demandas e assim o quadro não evoluiria tão facilmente para uma questão mais grave de afastamento, por exemplo.

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Live provoca questionamentos sobre Fatores Humanos e segurança organizacional

Em evento realizado pelo núcleo de pesquisa HFACTORS, o tema do erro humano foi tratado no contexto da segurança das organizações e gerou diversas perguntas e comentários do público. A live, transmitida pelo YouTube da Pucrs na semana passada, contou com os professores Eduardo Giugliani e Eder Henriqson, além do engenheiro de petróleo da Petrobras José Carlos Bruno.

Entre as questões feitas a eles, estavam dúvidas sobre pesquisa na área, dificuldade de lidar com pessoas no mercado de trabalho e a abrangência da legislação trabalhista. Para esclarecer todos os temas, Bruno respondeu as perguntas que não puderam ser feitas no tempo da live.

Por que é tão difícil tratar pessoas como pessoas?

José Carlos Bruno: Corre uma lenda que diz que engenheiros seriam apaixonados por coisas e não por pessoas. Portanto, como as atividades de alto risco são também atividades de engenharia, essa seria uma condição “natural”. Não compactuo com essa ideia, mas claro que “cuidar” das coisas permite aos engenheiros construir os sistemas altamente tecnológicos que dispomos. Há diversos outros fatores que influenciam a forma como ainda hoje abordamos segurança, maciçamente fundamentada na crença de que as pessoas são um problema que ameaça a integridade dos nossos sistemas robustos e intrinsicamente seguros. As pessoas erram e erram muito. Um horror! São pouco confiáveis esses humanos! Ora, mas se errar é humano, por que continuamos culpando as pessoas, seres humanos, quando elas erram? Por que continuamos usando pessoas como barreiras, muitas vezes a principal barreira, nos tais sistemas que imaginamos quase perfeitos se elas são tão frágeis? Por isso é que em todas as oportunidades que temos de refletir sobre isso com as nossas lideranças, sobre como então podemos melhorar o desempenho humano, a primeira ideia que nos vem à mente é a de que devemos de uma vez por todas parar de culpar as pessoas por simplesmente serem humanas.

É prevista alguma ação mais focada na fase de projeto de instalações da indústria de Óleo & Gás? Como as questões organizacionais (estrutura, sistemas de remuneração etc.) estão sendo consideradas nos projetos de pesquisa?

A incorporação dos princípios e conceitos de fatores humanos, sobretudo em organizações tão complexas como no caso da indústria de petróleo, depende fundamentalmente de uma mudança de modelo mental, da adoção de uma nova filosofia alicerçada no melhor aproveitamento das pessoas como aquilo que elas sempre foram, a solução para os problemas naturalmente existentes no seu enfrentamento diário para a realização do trabalho. E é a partir da construção de um ambiente de participação, baseado na confiança como sua pedra fundamental, que será possível aprender com o trabalho normal, identificando os problemas do trabalho e corrigi-los de forma proativa, retroalimentando toda a organização em um verdadeiro processo de melhoria contínua de seus projetos, processos e sistemas. Mas não é uma tarefa fácil, longe disso. Há muitos elementos básicos que precisam ser plantados e permanentemente regados para que venham a dar frutos e sustentem a longa jornada que temos pela frente, como, por exemplo, aprender a lidar com as más notícias para que possamos aprender com elas. Nosso dia a dia não é um mar de rosas, repleto de boas notícias, como muitos podem imaginar. E sim, à medida que formos aprendendo, será possível enxergar de forma bem mais clara as diversas inconsistências existentes entre a nova abordagem proposta por fatores humanos e o que hoje ainda praticamos, quase que dogmaticamente, na indústria. Pode ter certeza de que ainda há um abismo entre o modelo mental predominante nas indústrias consideradas seguras, como é o nosso caso, e aquele das atividades ditas ultra seguras, como indústria nuclear e aviação comercial, por exemplo.

Alguns estudos mais recentes têm demonstrado que as habilidades das pessoas – técnicas e não-técnicas – contribuem para um trabalho mais seguro. Como isso se relaciona com Fatores Humanos? E que outros fatores estão relacionados com a segurança a partir da perspectiva de Fatores Humanos?

Sem dúvida alguma, a maior qualificação das pessoas é um elemento importante em qualquer sistema de trabalho. O cuidado que temos que ter é o de não acabarmos transformando essa abordagem em mais uma forma de “empurrar” toda a responsabilidade pela segurança de volta para o trabalhador lá na linha de frente. Por isso, é fundamental sempre pontuarmos a importância do desenvolvimento das nossas habilidades como algo importante, mas sobretudo reconhecendo tratar-se apenas de mais um elemento, dentre tantos outros, que precisa estar sempre conectado a um contexto, a um sistema muitas vezes complexo. Da mesma forma, por exemplo, quando de repente estamos falando de resiliência no nível do indivíduo, e não do sistema, o que pode acabar virando mais uma forma rebuscada de responsabilização do indivíduo.

Atualmente, qual a importância do tema de Fatores Humanos para a indústria de óleo e gás?

A indústria parece que finalmente acordou para a importância do tema fatores humanos. Sobretudo porque percebeu que não há mais como continuar fazendo mais do mesmo. O modelo tradicional de comando e controle, em que a desconfiança dá o tom, chegou ao seu limite. O autor Sidney Dekker pontua que a indústria de óleo e gás parece ter alcançado o seu “sweet spot”, o ponto a partir do qual mais regras e controles não necessariamente trazem mais segurança. Assim, para que possamos continuar evoluindo em segurança – e há ainda muito a progredir, apesar dos resultados que temos alcançado – é fundamental incorporarmos um novo repertório como o que é proposto por fatores humanos. Não será fácil, já que renunciar ao controle a partir da construção de ambientes psicologicamente mais seguros com base na confiança certamente encontrará muita resistência entre um bom número de gestores formados num outro tipo de contexto. Por isso a ideia de uma jornada.

Como o corpo gerencial de organizações de alto risco está sendo apresentado aos conceitos de Fatores Humanos? A aceitação e compreensão tem sido positiva?

Este é um dos maiores desafios, se não o maior, para qualquer organização que pretenda investir na abordagem de fatores humanos: como engajar a alta liderança. Sem dúvida, é o primeiro passo desse processo. Felizmente, a partir do aprendizado de mais de cinco anos na pesquisa de fatores humanos, especificamente, com a indústria de óleo e gás, foi possível desenvolver o que estamos chamando de Laboratório de Fatores Humanos, uma forma estruturada que dá aos gestores de topo a oportunidade de conhecer os principais conceitos e princípios de fatores humanos em um ambiente de debates e muita reflexão. O resultado tem sido bastante auspicioso. Mas é preciso avançar ainda mais na sedimentação dos conceitos e este será, sem dúvida, o grande trabalho que teremos pela frente já em 2022.

Quais as perspectivas sobre a inclusão do tema Fatores Humanos às Legislações Trabalhistas Brasileiras?

Essa é uma discussão que está se iniciando e que extrapola em muito a capacidade das organizações de fazer acontecer. Sem dúvida, é fundamental o envolvimento de toda a sociedade, já que muita coisa depende de uma profunda revisão no modelo mental vigente. E aí estão incluídos todos os agentes públicos, como Ministério do Trabalho, agências reguladoras, congresso, judiciário e por aí vai. Na indústria de petróleo, minha área de atuação, será muito importante a atuação das diversas entidades como o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) e outras que representam as empresas e seus profissionais junto a esses stakeholders.

Temos uma ampla gama de técnicas para avaliar quando as coisas dão errado (investigação de acidentes). Que ferramentas temos para uso pela força de trabalho para avaliar quando as coisas dão certo?

Quando pensamos em “fazer” segurança para as pessoas, logo nos vem à mente a ideia de que devemos aplicar alguma ferramenta. Isso é normal, dado o conjunto de crenças e premissas construídas ao longo de décadas. Mas, a partir do momento que passamos a compreender que segurança é algo que se constrói com as pessoas, num processo permanente de interação, dia após dia, começamos a perceber que o verdadeiro aprendizado vem do trabalho normal, como ele é realizado na prática. A partir disso, podemos identificar, em conjunto com o trabalhador, que é quem realmente conhece as limitações existentes no sistema, os problemas do trabalho e eliminá-los de forma proativa e sustentável. Aprender com o trabalho normal não requer qualquer ferramenta. Mas, se quisermos extrair aprendizado a partir de algum resultado, como quando as coisas dão certo, por exemplo, já existem algumas técnicas que vem sendo aplicadas em maior ou menor escala a depender no nível de maturidade da organização, como é o caso do “debriefing”, um momento reservado no pós- tarefa onde a equipe discute o que aconteceu e registras os pontos críticos e as oportunidades de melhoria para retroalimentar o sistema.

Gostaria que falassem um pouco sobre o tema trabalho imaginado x trabalho realizado, sob a perspectiva do Hearts and Minds.

A partir do momento que nossas lideranças desenvolvem a habilidade de discorrer sobre o conceito de trabalho imaginado x trabalho realizado, muito do que fundamenta abordagens do tipo Hearts and Minds deixa de fazer sentido. Quando se compreende que é o trabalhador, através das adaptações necessárias ao enfrentamento dos problemas diários para a realização do trabalho, que consegue reconciliar aquilo que é possível fazer com o que é desejável fazer e, com isso, manter o sistema funcionando com segurança, qualidade, produtividade e eficiência, toda a lógica de que é preciso sensibilizar o trabalhador para que ele passe a atuar como uma barreira de segurança cai por terra. Nós já somos assim! Quando um trabalhador “comete” um “desvio”, uma “violação”, ele está, na imensa maioria das vezes, buscando uma forma de ajudar a organização a alcançar os resultados esperados.

HFACTORS lança plataforma de interação para pesquisadores

Como forma sistematizar conhecimento e também ser um canal de interação para pesquisadores, o núcleo HFACTORS desenvolveu uma plataforma disponível para seus membros e para o público externo. A intenção é atender a necessidade de fortalecer a colaboração entre os grupos interdisciplinares que participam de projetos relacionados a Fatores Humanos e a Resiliência, ou estudam e se interessam pelos temas.

Segundo o coordenador do trabalho, professor Denilson Sell, a plataforma se presta para organizar equipes em ambientes colaborativos, além de ser um repositório que facilita o acesso de conteúdos para as atividades internas. Uma outra finalidade é o mapeamento de profissionais e especialistas em determinadas áreas. “É um espaço de registro, onde temos integração de dados, usando a base de currículos Lattes e a rede social LinkedIn”, explica.

Rede de contatos

Sell ressalta que os inscritos na plataforma terão a possibilidade de conhecer um pouco melhor as pessoas que vem trabalhando em torno da questão de Fatores Humanos e Resiliência tanto no meio acadêmico, como na aplicação desses conhecimentos na iniciativa privada ou pública. Qualquer interessado pode ingressar em grupos colaborativos, ou até mesmo criar novos espaços de debate. “O recurso deve viabilizar as iniciativas de rede e de coprodução. Queremos empoderar esses grupos de trabalho para viabilizar a troca de conhecimento e de inovação.”

Outra meta é melhorar a conexão entre o público interno de pesquisadores e o externo. A ideia é difundir as principais competências do núcleo, publicizando os resultados de pesquisa, ferramentas de trabalho e atuação dos seus integrantes. “Isso vai ao encontro das iniciativas nas redes sociais para dar mais visibilidade e mostrar o potencial que o nosso grupo tem para o lado de fora”, ressalta Sell, que também coordenou a criação do hotsite do HFACTORS e do blog. Aliado a isso também está o perfil no Linkedin do núcleo, atividades como lives e assessoria de imprensa.

Se você quiser ajuda para se inscrever na Plataforma, visualize os nossos tutoriais:

Passo 1: Registro na Plataforma HFACTORS

Passo 2: Primeiro Acesso e Importação Lattes

Passo 3: Acessando os recursos da Plataforma

Passo 4: Ingresso em grupos da Plataforma

HFACTORS avalia uso de vídeos como ferramenta para melhorar a segurança

Com respaldo da área de pesquisa da Sociologia Visual, o núcleo HFACTORS tem usado vídeos como ferramenta para contribuir com a segurança em indústrias, incluindo a de óleo e gás. Segundo a jornalista e pós-doutoranda em Ciências Sociais Kamila Almeida, esse recurso possibilita que as temáticas sobre o risco sejam trabalhadas de forma mais atrativa e educativa com os profissionais que lidam com o perigo diariamente.

Os materiais formulados por ela, sob orientação do professor, também integrante do HFACTORS, Hermílio Santos, trazem um retrato concreto de alguns aspectos do ambiente laboral. Os roteiros consideraram os resultados de uma pesquisa com trabalhadores e também de uma análise bibliográfica sobre o uso de tecnologia audiovisual. O trabalho ocorre em parceria com o Tecna.

Knowledge Moments

Alternando linguagem técnica e coloquial, os vídeos denominados Knowledge Moments são pensados para um público delimitado e contêm ideias, comportamentos e novas práticas. “O recurso audiovisual funciona como uma tradução e expansão das informações, atingindo o público-alvo de forma mais rápida e abrangente”, explica.

Os temas escolhidos para conduzir cada um dos três episódios dos Knowledge Moments foram aqueles que apareceram nos relatórios da pesquisa com trabalhadores como de maior necessidade de entendimento. Assim, o primeiro explica os conceitos que diferenciam erro humano e fatores humanos. Já o segundo e o terceiro exploram a abordagem de resiliência, incluindo exemplos de ambientes complexos como escolas, universidades, hospitais e a indústria de óleo e gás.

Com o auxílio da Sociologia Visual, a propagação dos conteúdos audiovisuais traz didática e concisão, gerando insights para o futuro, segundo Almeida. A utilização desses vídeos pode ser aplicada a outros sistemas complexos, como a área da saúde, construção civil e aviação.