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CIÊNCIA DE DADOS: Dados ajudam a compor modelos para alertar sobre riscos

Transformando informações coletadas em conhecimento útil e aplicável, a Ciência de Dados é uma ferramenta para projetos de pesquisa e até para empresas. Dos dados, é possível extrair ideias para solução de problemas e respostas para diversos tipos de organizações.

Conforme a doutora em Engenheira e Gestão do Conhecimento Viviane Schneider, a Ciência de Dados é uma área da Engenharia e Gestão do Conhecimento. Ela explica que soluções metodológicas ou tecnológicas podem ser identificadas e servir para criar mais vantagem competitiva para empresas e também facilitar o trabalho dos colaboradores, além de explicitar conhecimento e fazer com que ele não seja retido ou perdido.

“Tentamos transformar todos os dados disponíveis em conhecimento específico, que possa instrumentalizar os gestores e os operadores e que seja útil”, afirma. Essa área identifica conhecimentos em fontes diversas, como relatórios, por exemplo. Com técnicas de inteligência artificial, os pesquisadores podem “minerar” documentos para obter elementos que contribuíram para a criação de uma ferramenta, por exemplo.

No caso de indústrias complexas que têm o objetivo de tornar o ambiente de trabalho mais seguro, a pesquisadora cita exemplos de aplicação, como alertas a partir da indicação de algum fator de risco monitorado por sensores, que podem ser os mais variados, como condições do clima, sintomas de estresse de colaboradores, entre outros. Também é possível identificar informações necessárias em tempo real para desenvolver alguma operação específica e disponibilizá-las de forma mais eficiente.

A equipe em que a cientista de dados trabalha está desenvolvendo um protótipo com a finalidade de identificar fatores humanos lidados a situações de risco. Essas informações ajudam a calibrar um algoritmo capaz de alertar sobre características de determinado contexto que possam mostrar insegurança. Contudo, ressalta que a obtenção e reunião de dados são, muitas vezes, sensíveis, por vários motivos, incluindo éticos, o que dificulta a criação de um modelo, mas não impede que se desenvolva o instrumento e que a própria organização coloque em prática.

A Ciência de Dados é uma das áreas de pesquisa que integra o núcleo HFACTORS, o qual conta com quase 40 profissionais de diferentes formações. Cada grupo atua a partir de uma perspectiva de estudos, mas todos procuram integrar seus conhecimentos em torno de um objetivo comum de pesquisa.

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Pesquisa investiga segurança, bem-estar e autocuidado entre profissionais da saúde

Crédito: Bruno Todeschini/ PUCRS

O núcleo de pesquisa HFACTORS iniciou um projeto com profissionais da área da saúde em Porto Alegre. O objetivo é identificar questões relacionadas a bem-estar, saúde mental e segurança a partir da percepção desses profissionais, que estão entre os que mais sofrem de esgotamento no ambiente de trabalho. 

Apesar de não haver perguntas relacionadas à pandemia de Covid-19, os resultados do estudo deverão ser impactados por esse contexto e mostrar, de alguma forma, como essa área foi afetada. A meta é que aproximadamente 500 pessoas do setor da saúde, que atuem em hospitais, respondam a questionário com uma série de variáveis, como liderança, carreira e autocuidado. A pesquisa inicia sendo aplicada com os funcionários do Ernesto Dornelles, em um segundo momento sendo aplicada no Hospital São Lucas da PUCRS e posteriormente ampliada para outras instituições hospitalares da Capital. 

“Essa pesquisa está sendo realizada justamente em um momento de pandemia que é um importante estressor. É um momento histórico que estamos vivendo, de imprevistos e de incertezas”, observa uma das pesquisadoras envolvidas Maria Isabel Barros Bellini, que é professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUCRS

Segundo a pós-doutoranda do HFACTORS Fernanda Xavier Arena, os profissionais da saúde já têm um índice elevado de esgotamento. “A pandemia aumentou ainda mais o sofrimento”, acrescenta. 

Nesse sentido, a pesquisa também observará a presença de práticas de autocuidado, as quais servem de estratégia para lidar com o estresse causado pelo trabalho. Uma revisão de pesquisas sobre o assunto mostrou que atividades de lazer, esporte, atenção plena e meditação, por exemplo, reduzem o risco de desenvolvimento da síndrome de Burnout, que o esgotamento decorrente de estresse crônico no local de trabalho, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)

As pesquisadoras consideram que, durante a pandemia, alguns espaços que funcionavam como locais de interação, atividades e lazer foram fechados, o que contribuiu processos de sofrimento e isolamento. “Com o agravamento dos sintomas, vem a importância do autocuidado como uma das formas de enfrentamento”, ressalta Bellini. 

De forma geral, o estudo trará um panorama, a partir de múltiplas variáveis, sobre a relação dos trabalhadores com o seu trabalho. “Queremos entender um pouco mais a relação que os trabalhadores têm com seu trabalho e sobre o próprio contexto desse ambiente e desse trabalho realizado”, explica a doutoranda Daniela Boucinha, psicóloga que também faz parte da equipe. 

A pesquisadora informou que o objetivo é também investigar a influência que a liderança exerce sobre as questões relacionadas a bem-estar, saúde mental e segurança. “Queremos saber da relação entre líderes e liderados”, disse Boucinha. 

Entre os benefícios da pesquisa, Arena, que é assistente social e tem doutorado em Psicologia, observa que, a partir do conhecimento das percepções dos trabalhadores, é possível elaborar alternativas. Segundo ela, o conhecimento das condições de trabalho auxilia no aprimoramento das práticas de autocuidado, o que também impacta na melhoria das condições de trabalho na otimização do atendimento prestado. 

A pesquisa conta ainda com a professora de Psicologia da PUCRS Manoela Ziebell de Oliveira e com a pós-doutoranda Lidiany de Lima Cavalcante e tem característica interdisciplinar. O grupo de trabalho se ampara na experiência de projetos desenvolvidos desde 2014 com abordagem de Fatores Humanos e Engenharia de Resiliência no setor de óleo e gás. Por demanda externa, agora expande sua atuação para o segmento da saúde. 

Sobre o HFACTORS 

O Human Factors and Resilience Research (HFACTORS) é núcleo vinculado à Escola Politécnica da PUCRS, em parceria com a Escola de Negócios, formado por profissionais de diferentes formações, como Engenharia de Resiliência, Sociologia, Serviço Social, Psicologia, Engenharia, Mídia e Gestão do Conhecimento. A equipe estuda e desenvolvendo soluções, principalmente de segurança, em sistemas sociotécnicos complexos. O que vincula todos os pesquisadores do núcleo é a abordagem de Fatores Humanos a qual observa a interação do homem com o ambiente de trabalho, incluindo os fatores ambientais e organizacionais. A Coordenação Geral do HFACTORS está sob a responsabilidade do Prof. Dr. Eduardo Giugliani.

ENGENHARIA DO CONHECIMENTO: Pesquisadores identificam conhecimentos para análise de potencial de resiliência

Considerando as diversas aplicações da Engenharia e Gestão do Conhecimento, o uso dessa área de pesquisa com uma perspectiva de Fatores Humanos e Resiliência tem o objetivo de compreender qual o conhecimento habilita as equipes a agirem frente às situações inesperadas. No núcleo HFACTORS, que estuda sistemas complexos, esse entendimento orienta estratégias de preservação do conhecimento e de promoção da aprendizagem organizacional, por exemplo.

“Todo o conhecimento que vai fazer com que a equipe consiga entender que, eventualmente, as circunstâncias mudaram, os motivos da mudança e que habilitem as pessoas a projetar o estado futuro do sistema para que seja possível antecipar e desarmar eventos de segurança”, descreve o professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Denilson Sell, que é doutor em Engenharia de Produção e atua no HFACTORS. Na mesma linha, aqueles conhecimentos que habilitem a implementação de respostas frente aos eventos inesperados são determinantes para as respostas resilientes.

“Também nos é bastante importante entender as possíveis fontes e razões de perda e de desperdício de conhecimento na organização”, ressaltou. Segundo o professor, muitas vezes, lições provenientes de acidentes, por exemplo, são perdidas e um evento semelhante pode voltar a acontecer.

Em uma pesquisa, a disciplina costuma capturar pistas do cotidiano do trabalho e extrair conhecimento. “Quando falamos em pistas, estamos tentando entender quais são esses fatores que condicionam o trabalho resiliente e seguro”, ressalta.  Identificadas essas informações, é possível estabelecer indicadores de tendências. “A gente trabalha com os elementos ligados a fatores individuais, organizacionais e ao desenho do trabalho”, diz.

A partir daí, é possível analisar os fatores positivos, negativos e aqueles que possam conferir segurança às operações ou comprometer a segurança no futuro, possibilitando um olhar pró-ativo sobre o sistema. A gestão dos pontos positivos que garantam atividades mais seguras e também a antecipação de potenciais riscos, considerando diferentes fontes de dados, incluindo as percepções dos trabalhadores e da liderança, podem subsidiar intervenções assertivas para a promoção do potencial de resiliência e da segurança.

Essa Engenharia empresta ferramentas e métodos para extrair conhecimentos sobre dados diversos, como relatórios de acidentes e de investigação de acidentes, por exemplo. “Trabalhamos com técnicas de inteligência artificial para poder minerar documentos e relatórios e extrair aqueles elementos latentes que contribuíram, de certa forma, para uma ocorrência.”

Com a visão da engenharia e gestão do conhecimento, os pesquisadores buscam ainda entender de que forma o fluxo da informação e do conhecimento ocorre, ajudando as equipes a terem melhor consciência do que vem acontecendo e as suas falhas, que podem causar algum tipo de variabilidade e pode afetar o desempenho da operação e produzir elementos de risco.

Engenharia e Gestão do Conhecimento são duas áreas complementares que, no núcleo HFACTORS, têm o objetivo de qualificar o trabalho de organizações por meio de ferramentas e conteúdos de diferentes disciplinas.

Assista ao vídeo do professor Sell falando sobre o assunto no nosso canal no YouTube.

PSICOLOGIA: Desempenho pode ser melhorado a partir do conhecimento do papel dos trabalhadores

Em estudos de Fatores Humanos no ambiente de trabalho, o campo da Psicologia pode contribuir, especialmente, na compreensão do papel dos colaboradores e na promoção de cultura e de clima de segurança. “Existe toda uma área de concentração dentro da disciplina que investiga os indivíduos nas organizações e de que forma eles, os seus líderes e a própria organização podem buscar certos resultados pensando no desempenho e nas suas entregas”, explica a professora da PUCRS e pesquisadora do HFACTORS Manoela Ziebell de Oliveira.

Em um sistema sociotécnico complexo, essa área de conhecimento ajuda a entender o que leva as pessoas a adotarem comportamentos de segurança e a promover um clima de menor risco. Segundo a doutora em Psicologia, o clima de segurança trata-se de cognições compartilhadas entre as pessoas de que é mais importante ter segurança no trabalho do que a performance.

Cultura de segurança

Da mesma forma, a Psicologia investiga a maneira como a cultura de segurança está presente no ambiente e, caso não esteja da maneira esperada, pode auxiliar na incorporação de atitudes e envolvimento dos participantes daquele meio. O objetivo é que a organização se preocupe em desenvolver um contexto de trabalho seguro combinado com os resultados positivos para o negócio.

“A Psicologia pode atuar tanto no caráter mais preventivo antes de a gente perceber que não existe uma cultura de segurança, quanto num caráter de promoção de mudança para que a gente consiga alcançar essa cultura e ter uma cognição compartilhada de que isso é importante”, descreve.

Desenvolvimento de lideranças

Dentre as diferentes estratégias metodológicas utilizadas pela Psicologia, os instrumentos psicométricos avaliam variáveis relacionadas a crenças, comportamentos e atitudes das pessoas com relação a várias temáticas. Uma das áreas de investigação da Psicologia Organizacional e do Trabalho é o desenvolvimento das lideranças e o papel delas em diferentes desfechos.

“Todos os elementos que a Psicologia estuda estão ligados a Fatores Humanos. A liderança e a comunicação, por exemplo, são aspectos que são foco de estudos em diferentes áreas e vertentes dessa área de conhecimento”, conclui.

A Psicologia é uma das áreas de pesquisa do núcleo HFACTORS, que conta também com Sociologia, Engenharia e Gestão do Conhecimento, Serviço Social e Engenharia de Resiliência, entre outras. As equipes trabalham em conjunto para promover a segurança com a perspectiva de Fatores Humanos.

Confira o vídeo da professora Manoela Ziebell de Oliveira sobre o assunto.

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Cultura Justa: responsabilidade compartilhada para garantir aprendizado nas organizações

Crédito: Unsplash

Os processos de gestão, de administração e também as condutas esperadas dos membros de uma determinada organização fazem parte de uma cultura local, a qual rege boa parte das dinâmicas nos ambientes de trabalho. Quando as práticas são pautadas por um sistema de responsabilidade compartilhada entre os trabalhadores, os reguladores e a gestão, procurando gerar aprendizado, confiança e cooperação, isso é chamado de cultura justa.

As pesquisadoras da equipe do Serviço Social do núcleo HFACTORS Beatriz Gersheson, Kathiana Arend e Inês Amaro explicam que esse conceito tem relação com a maneira que os sistemas respondem aos comportamentos de seus colaboradores. Se algo “dá errado”, por exemplo, o objetivo é aprender por meio da participação e da compreensão das atividades e responsabilidades.

A cultura justa engloba uma ampla gama de situações em que seus princípios podem ser considerados e aplicados para a melhoria de todos os processos organizacionais, segundo as pesquisadoras. Elas entendem que, para se chegar a um modelo de cultura justa, é necessária a participação dos envolvidos na organização. Uma das ações é a transformação da comunicação para evitar assimetrias de poder e, assim, reduzir também práticas retributivas, com objetivo de punição.

As práticas devem ser orientadas por processos democráticos e de responsabilização, ainda de acordo com a equipe do Serviço Social. Implica que haja, necessariamente, uma mudança de olhar e das perguntas que movem os processos.

Segurança organizacional

À medida em que a cultura de segurança das organizações incorpora esta racionalidade, o foco passa a ser nas necessidades e na obrigação em seguir uma abordagem colaborativa entre as pessoas direta e indiretamente afetadas por um incidente que causou ou possa causar dano. Para as pesquisadoras, esta é a base da mudança.  

A aposta em uma cultura justa restaurativa – que visa a reparação dos danos e responsabilização dos atos – oferece a possibilidade de ampliação da segurança nas organizações, fortalecendo a atuação dos trabalhadores. Eles podem participar ativamente do monitoramento do local de trabalho e estar envolvidos nos esforços para a melhoria da segurança organizacional.

Mobiliza ainda uma infraestrutura de aprendizagem contínua para prevenir a exclusão nas relações de trabalho, orientando-se por processos justos e inclusivos, intimamente associados à qualidade de interação e comunicação nas relações de trabalho. Assim, são cultivados espaços em que os trabalhadores possam ser ouvidos e tratados com respeito

O processo para consolidação da cultura justa ainda deve contar com aprendizagem coletiva e colaborativa, rompendo com os processos restritivos à culpabilização e à penalização. Da mesma forma, as assistentes sociais observam importantes a educação corporativa com o objetivo de desenvolver a liderança e a comunicação em nível interpessoal e intergrupal. Tudo isso privilegia a construção de competências comportamentais como escuta ativa, empatia, confiança e trabalho em equipe.

SOCIOLOGIA: Contextualização para entendimento dos fenômenos

Hermílio Santos é coordenador da área de Sociologia do HFACTORS

Com foco no entendimento dos fenômenos sociais, a Sociologia historicamente busca elementos de outras áreas do conhecimento para criar teorias e compreender a organização da sociedade e suas variações. “A origem é de várias áreas das ciências humanas e tem participado de pesquisas interdisciplinares, o que enriquece ainda mais os resultados”, afirma o professor da PUCRS Hermílio Santos, que faz parte do núcleo HFACTORS.

Dentre as principais tarefas de um sociólogo, está a contextualização dos sujeitos. “Situamos os indivíduos e a análise transborda o ambiente concreto, porque as vivências não se encerram em si. Elas têm um histórico”, explica o sociólogo, que é doutor em Ciência Política e tem em sua formação áreas como a Filosofia. 

Diagnóstico de campo

Atuando no ambiente de trabalho, em atividades de risco, Santos observa a importância da Sociologia Interpretativa para o diagnóstico de campo e também para a formulação de recomendações que contribuam com a segurança. Segundo ele, quando um colaborador ingressa em uma organização, carrega com ele interpretações passadas e visões de mundo. Tudo isso, informa a maneira como agirá, inclusive em momentos imprevistos.

Por isso, Santos entende que, além de estratégias quantitativas para identificar regularidades a respeito dos participantes do meio estudado, as qualitativas, que contemplem a biografia e as interpretações, são um ganho para uma pesquisa interdisciplinar. “Os métodos vão mostrar as experiências das pessoas nos seus ambientes de trabalho”, destaca.

Trajetória biográfica

Nos casos de análises de acidentes, entender como esses temas perpassam a trajetória biográfica dos trabalhadores e como eles encaram essas situações podem mostrar tipos de ações diante do risco. “Não significa necessariamente que a maneira como eles agiram no passado, será a mesma no futuro, mas reunimos elementos para compreender como essas pessoas interpretaram essas situações”, explica.

Além disso, os dados estão relacionados a eventos concretos e não normativos. O conhecimento gerado é como de fato os pesquisados reagiram e não como deveriam, ou era esperado, reagir.

Os resultados servem como subsídios para a formulação de intervenções com o objetivo de minimizar as situações de risco. Aliados às informações trazidas por outras disciplinas, a compreensão do campo estudado se torna mais abrangente e concreta.

No HFACTORS, a Sociologia atua junto com outras áreas do conhecimento com uma perspectiva de Fatores Humanos. Desde 2017, o grupo tem utilizado diferentes métodos para trabalhar com temas como segurança, resiliência e organizações complexas.

Confira no nosso canal do YouTube o vídeo do professor Hermílio Santos falando sobre o tema.

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Live promove debate sobre o erro na cultura de segurança das organizações

O erro humano no ambiente de trabalho é muitas vezes tratado como o responsável por resultados negativos das instituições. Contudo, um olhar para o sistema organizacional pode mostrar outras causas para as falhas e também para os acertos. É sobre esse tema que o integrante do núcleo HFACTORS professor Eder Henriqson e o engenheiro de petróleo da Petrobras José Carlos Bruno irão debater na próxima quarta-feira (15). Ambos participarão de uma live com transmissão ao vivo pelo canal do Youtube da PUCRS, a partir das 11h.

A intenção é discutir os processos laborais ligados a condições humanas, suas relações com os demais fatores que interferem no trabalho e a cultura de segurança. Dentre as questões a serem discutidas, estão: Será que é o erro humano que impede o crescimento das organizações? É mais importante entender o erro ou o acerto humano? São as pessoas que tornam o ambiente de trabalho mais seguro?

A conferência será destinada principalmente àqueles que têm pesquisado sobre a temática da cultura de segurança. Também pode interessar a gestores, trabalhadores de ambientes de risco, como hospitais, hidrelétricas, mineradoras, setor da construção civil, de óleo e gás, aviação e profissionais da área de segurança operacional.

Lançamento do núcleo e da plataforma

Na oportunidade, o coordenador do HACTORS, professor Eduardo Giugliani, apresentará o núcleo de pesquisa ao público, apresentando sua história e campo de atuação, além das redes sociais do grupo que é interdisciplinar e conta com mais de 40 colaboradores. Além disso, será lançada a plataforma de compartilhamento e interação criada pelo HFACTORS, que já está no ar:

A live pode ser acessada no dia da apresentação (15 de dezembro), às 11h, pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=3A9zure-a54

Equipe HFACTORS: na trilha da interdisciplinaridade

Equipe HFACTORS: na trilha da interdisciplinaridade

Relativamente recentes, as pesquisas que reúnem mais de uma área do conhecimento, visando resultados conjuntos e não apenas lineares e disciplinares, tendem a ser grandes desafios. O maior deles é unificar as visões de mundo em busca de um resultado novo. Integrantes do núcleo HFACTORS, sediado na PUCRS, que tem em suas bases mais de 40 profissionais com diferentes formações e campos de atuação, os professores Beatriz Gershenson e Paulo Selig entendem que a concretização da interdisciplinaridade ocorre por meio de processo, envolvendo aprendizado para o time participante, com potencial de alcançar dados transformadores sobre o tema estudado.

“Normalmente, passamos por fases, começando por um período de pouca confiança, por falta de conhecimento das particularidades de cada disciplina”, afirma Gershenson, que é doutora em Serviço Social e professora titular da Escola de Humanidades da PUCRS. Ela diz que a transformação do grupo é subjetiva e ainda inclui incertezas sobre as especificidades de cada área até chegarem os questionamentos. “As interrogações permitem o reconhecimento das limitações compartilhadas e também independentes de cada área, pois elas são impostas pela própria realidade”, explica.

Aprendizados e frutos

Doutor em Engenharia de Produção, Selig, que tem em sua experiência a fundação de um programa de pós-graduação com propósito interdisciplinar, acrescenta que a busca pela integração nunca acaba e, ao longo do caminho, vão surgindo os aprendizados e novos frutos. Como exemplo, ela cita a gênese do núcleo HFACTORS.

“No início, houve dificuldade de linguagem e de reconhecer um ao outro em sua cientificidade”, afirmou. No entanto, avaliou, o grupo tem feito esforços de colaboração conjunta, testando metodologias de integração, que deveriam, inclusive, ser documentadas. “Experiências de projetos interdisciplinares são poucas pessoas que têm. É algo razoavelmente novo. Isso tem que ser valorizado”, ressaltou.

Sobre isso, Gershenson observa que os pesquisadores desse e de outros projetos interdisciplinares têm uma oportunidade de fazer o que se sabe no campo da ciência para que ela seja útil e se converta em avanços. Porém, para que isso aconteça deve haver renúncia de autoridade ou hierarquia entre as ciências. “É preciso ter humildade para chegar ao ponto de reconhecer o que não se sabe e olhar para a realidade em conjunto da maneira como ela se impõe.”

Caso do núcleo de pesquisa

Ao longo do processo de trabalho do HFACTORS, que iniciou formalmente em 2017, se reconheceu também a necessidade de inclusão de outras disciplinas, como Psicologia e Comunicação. Selig, que atualmente é professor vinculado ao programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explicou que a escolha das áreas que devem integrar uma pesquisa com viés interdisciplinar tem relação com o tema trabalhado.

No caso do HFACTORS, tudo começou com um objetivo de se estudar e melhorar a segurança de um segmento da indústria. Nesse sentido, os estudos de fatores humanos foram aderentes a esse propósito. Vieram também profissionais de Engenharia de Resiliência, de Conhecimento, de Sociologia, de Serviço Social e de Biologia para reconhecer o sistema pesquisado e encontrar soluções.

Conhecimentos complementares

Reforçando a máxima de que os conhecimentos são complementares, Gershenson ressalta: “Costumamos trabalhar com a ideia de mediações para alcançar a realidade, que é sempre mais complexa do que parece. E, para isso, não haverá como uma área de conhecimento dar conta sozinha. A realidade não pertence a caixinhas.” Esse processo é ainda mais difícil porque, na constituição das ciências, os objetos de estudos e ferramentas foram compartimentados. O trabalho agora é continuar na contramão da lógica competitiva estimulada em várias organizações para juntar esforços.

O grupo vem dando passos para a interdisciplinaridade e também se aproximando de um conceito de pesquisa mais novo: a transdisciplinaridade. “Está na linha de resultados com coprodução, com objeto comum e múltiplos atores, mas com uma finalidade maior, que transborda a pesquisa”, observou Selig. No caso do HFACTORS, a participação de representantes da própria indústria na produção e aplicação dos resultados é um ganho. “Não garantimos que terá um resultado melhor, mas a abordagem diferente pode trazer resultados inovadores.”

HFACTORS avalia uso de vídeos como ferramenta para melhorar a segurança

Com respaldo da área de pesquisa da Sociologia Visual, o núcleo HFACTORS tem usado vídeos como ferramenta para contribuir com a segurança em indústrias, incluindo a de óleo e gás. Segundo a jornalista e pós-doutoranda em Ciências Sociais Kamila Almeida, esse recurso possibilita que as temáticas sobre o risco sejam trabalhadas de forma mais atrativa e educativa com os profissionais que lidam com o perigo diariamente.

Os materiais formulados por ela, sob orientação do professor, também integrante do HFACTORS, Hermílio Santos, trazem um retrato concreto de alguns aspectos do ambiente laboral. Os roteiros consideraram os resultados de uma pesquisa com trabalhadores e também de uma análise bibliográfica sobre o uso de tecnologia audiovisual. O trabalho ocorre em parceria com o Tecna.

Knowledge Moments

Alternando linguagem técnica e coloquial, os vídeos denominados Knowledge Moments são pensados para um público delimitado e contêm ideias, comportamentos e novas práticas. “O recurso audiovisual funciona como uma tradução e expansão das informações, atingindo o público-alvo de forma mais rápida e abrangente”, explica.

Os temas escolhidos para conduzir cada um dos três episódios dos Knowledge Moments foram aqueles que apareceram nos relatórios da pesquisa com trabalhadores como de maior necessidade de entendimento. Assim, o primeiro explica os conceitos que diferenciam erro humano e fatores humanos. Já o segundo e o terceiro exploram a abordagem de resiliência, incluindo exemplos de ambientes complexos como escolas, universidades, hospitais e a indústria de óleo e gás.

Com o auxílio da Sociologia Visual, a propagação dos conteúdos audiovisuais traz didática e concisão, gerando insights para o futuro, segundo Almeida. A utilização desses vídeos pode ser aplicada a outros sistemas complexos, como a área da saúde, construção civil e aviação.

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Pesquisadores do HFACTORS participam do CIKI

Com três artigos aprovados, os pesquisadores do HFACTORS participarão mais uma vez do Congresso Internacional de Conhecimento e Inovação (CIKI), que este ano ocorre em formato online.  O grupo deve compartilhar, nos dias 18 e 19 de novembro, alguns dos resultados de análises, além de ferramentas e estratégias desenvolvidas nos últimos anos.

Os pesquisadores Jaime Miranda Junior, Lídia Neumann Potrich e José Leomar Tedesco são os responsáveis pelo texto Classificação das abordagens de Fluxo de Conhecimento por domínio de aplicação: uma análise da literatura. Já o grupo que atua com Engenharia de Resiliência formado por Natália Jaeger Basso Werle, Francisco Schuster Rodrigues, Eder Henriqson e Rafael Trancoso irá apresentar o trabalho Uma perspectiva sobre investigações de acidentes na indústria de óleo e gás. Um terceiro artigo, Potenciais aplicabilidades de tecnologias digitais: um estudo sobre wearables na indústria de óleo e gás, foi escrito por Jane Lucia S. Santos, Maria Angelica Jung Marques, Denilson Sell e Heron Jader Trierveiler.

Sobre o evento

Com o tema “Sociedade Digital para o Desenvolvimento Sustentável”, o CIKI é um evento itinerante promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Já passou por diferentes países, como Espanha, Equador, Colômbia, México, Panamá, além do Brasil. A última edição presencial antes da pandemia ocorreu em 2019, na PUCRS, em Porto Alegre. Este ano a organização é do Programa de Pós-Graduação em Gestão do Conhecimento nas Organizações (PPGCO), da Universidade Cesumar (Unicesumar).